Pular para o conteúdo principal

CInTeQ 2010: Rex Black e testes ágeis

"De chiquilín te miraba de afuera ...", começa o tango. "Quando era moleque te olhava de fora". Essa nostalgia tangueira foi evocada quando li algumas coberturas do CInTeQ 2010, que aconteceu aqui mesmo em SP nos dias 22 e 23/03. Infelizmente, não pude comparecer. Felizmente, foi anunciada uma nova edição para o próximo ano, e farei todo o possível para participar.

Da cobertura, me chamou a atenção o foco de algumas das palestras, particularmente a do Rex Black (um dos papas do teste de software), sobre agilidade. Gostaria muito de ter assistido a palestra. Segundo a cobertura do Fabrício Ferrari, do QualidadeBR (http://bit.ly/9Tw2Ys) , ele abordou assuntos como o papel da automação, gestão dos testes no contexto de Scrum, testes exploratórios e testes baseados em risco.

É ótimo ver que, também na área de testes, os conceitos da agilidade começam a fazer parte da corrente principal dos projetos de tecnologia da informação. Talvez no Brasil ainda a gente esteja bem no início: lá fora agilidade em geral já é "mainstream".

Até pouco tempo atrás, me sentia um pregador solitário no meio do deserto, tentando mostrar como não é apenas possível, como indispensável adotar pelo menos alguns conceitos de agilidade para poder testar eficazmente. Participo de comunidades ligadas à agilidade e ao teste de software, e vejo que ainda é preciso construir pontes entre elas: as diferenças entre modelos mentais ainda são grandes.

Na comunidade ágil, da qual participo desde que esta começou a se organizar no Brasil (palestrei já no XP Brasil 2002 sobre refactoring com AOP), os profissionais de teste são percebidos em geral como muito ligados ao modelo em cascata e à gestão baseada em comando e controle, e atividades de terceirização de serviços de testes são vistas com bastante reserva: afinal, teste é visto como algo indivisível do desenvolvimento: já fazemos example-driven development, certo ?

Comecei a trabalhar com automação de testes (capture & replay em ambiente AIX/Motif) em 94, depois de fazer um curso de tópicos de teste no mestrado da FEEC/UNICAMP, com o prof. Jino (um dos pioneiros na área no Brasil). A automação estava bem nos primórdios, e mais ou menos naquela época é que começou a se configurar o mercado das ferramentas comerciais de automação de teste baseadas na interface usuário (licenças caríssimas e soluções sem dor).

Essa percepção da automação baseada apenas na interface usuário ainda é forte na comunidade de testes, mas os agilistas vêem com reservas o investimento excessivo nesse tipo de automação, assim como a gestão segregada das atividades de teste e a insistência em documentação formal.

Em contrapartida, o uso eficaz de técnicas de automação para testes de unidade, convergência entre requisitos e testes automatizados (ATDD, BDD) , dev+ops, dublês de teste e padrões de projeto para apoiar a testabilidade (dependências injetáveis, presenter-first) parecem ter um eco bem maior na comunidade ágil: alguns desses conceitos são ainda estranhos para muitos profissionais de teste.

Em suma, ainda há um longo caminho a ser percorrido para unir experiências e avançar nos testes e na agilidade, com o objetivo de ter melhor qualidade e entregar software com mais valor para o negócio. Cada vez dependemos mais de software no dia a dia, para trabalhar, para nos comunicarmos e até para garantir nossa integridade física. Tendo começado com uma letra de tango, termino parafraseando a bossa nova:

"Os pogueiros que me desculpem, mas qualidade é fundamental."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 reasons why we love JSF

1. One-slide technology: it's so simple that I can explain basic JSF with one slide. 2. Easy to extend: components, listeners, render kit, Events, Controller, etc. 3. Real-world adoption: JBoss, Exadel, Oracle, IBM, ... 4. Architecture model: you can choose between more than 100 different architecture. 5. Open-mind community: using JSF you are going to meet very interesting people. 6. We are using JSF the last 5 years and we found very good market for JSF in Brazil 7. Progress: look to JSf 1.1 to JSF 1.2, JSF 1.2 to JSF 2.0. People are working really hard! 8. Many professionals now available 9. It's a standard. It's JCP. Before complain, report and help! 10. Ed Burns, spec leader, is an old Globalcode community friend! EXTRA: My wife is specialist in JSF. She's my F1 for JSF :) Nice job JSF community! -Vinicius Senger

O que é Lógica de programação?

Este é o segundo de uma série de posts voltados aos leitores do blog que estão dando início à carreira de desenvolvimento de software. O assunto de hoje é a lógica de programação. Para ler antes: Entendendo como funciona a programação de computadores: linguagens de programação, lógica, banco de dados A lógica de programação é um pré-requisito para quem quer se tornar um desenvolvedor de software, independente da linguagem de programação que se pretende utilizar. Mas o que é de fato a Lógica de Programação e como saber se eu tenho esse pré-requisito? A lógica de programação nada mais é do que a organização coerente das instruções do programa para que seu objetivo seja alcançado. Para criar essa organização, instruções simples do programa, como mudar o valor de uma variável ou desenhar uma imagem na tela do computador, são interconectadas a estruturas lógicas que guiam o fluxo da execução do programa. Isso é muito próximo ao que usamos em nosso cotidiano para realizar atividad...

NIO.2 do Java 7: uma nova API do Java para file system

Uma das novidades mais importantes e aguardadas do Java 7 foi a NIO.2, a nova API para a manipulação I/O com Java. A NIO.2, também conhecida como JSR 203 , disponibiliza um conjunto de novos componentes, projetados para melhorar caracterísiticas de I/O com Java como por exemplo: uma nova API para o acesso e manipulação de conteúdo do file system (sistema de arquivos); outra API para operações assíncronas com I/O; e a atualização da API para comunicação via sockets ( channel sockets ).   O Java, antes da versão 7, tratava a manipulação do sistema de arquivos de forma primitiva. O programador tinha de trabalhar com a classe File para representar arquivos e/ou diretórios, com um número escasso de funcionalidades. Uma operação simples como copiar um arquivo demandava um código relativamente grande. Outras funcionalidades triviais, como por exemplo o uso de links simbólicos, não eram suportadas. Esses são alguns dos motivos para justificar o uso de bibliotecas terceiras...

TDC ONLINE: SUA PLATAFORMA DE PALESTRAS GRAVADAS DO TDC DISPONÍVEL

Além do conteúdo ao vivo transmitido online nas edições do TDC, agora você pode ter acesso à centenas de palestras gravadas, através da nossa nova plataforma de vídeos - o TDC Online, que reúne todas as Trilhas premium, Stadium e Salas dos Patrocinadores das edições anteriores de 2022, TDC Innovation e TDC Connections.  Para acessar, basta clicar na edição em que você participou ( TDC Innovation ou TDC Connections ); Fazer o mesmo login (com e-mail e senha) cadastrados na hora de adquirir ou resgatar o seu ingresso no TDC; E clicar na Trilha de sua opção, e de acordo com a modalidade do seu ingresso. Logo em seguida, você será direcionado para a seguinte página com a lista de todas as palestras por Trilha: Pronto! Agora você tem acesso à centenas de palestras gravadas da sua área de interesse, para assistir como e quando quiser! Caso tenha esquecido a senha, clique na opção "Esqueci a senha" , insira o e-mail que você realizou para o cadastro no evento, e aparecerá a op...

Java no mundo das Telecomunicações

Este é meu primeiro post aqui no blog e gostaria de dizer que estou muito feliz em também poder contribuir com esta grande (e crescente) família Globalcode. Vou começar escrevendo aqui sobre um tópico pouco explorado no universo Java: o seu uso no mundo das telecomunicações. Vários de vocês podem ter trabalhado em projetos para empresas de telecom utilizando a tecnologia Java. Eu mesmo já participei de alguns, implantando sistemas de tarifação, faturamento, CRM e cobrança. Mas o objetivo deste post é um pouco diferente: estou falando do uso de Java na própria rede de telecom. Como vocês podem imaginar, esta rede que permite que ligações telefônicas sejam feitas de seu celular ou aparelho fixo é um tanto quanto complexa, lidando com aspectos como roteamento, bilhetagem, roaming , etc. E o Java está presente neste cenário também. Para provar que não estou mentindo, abram o site do JCP e cliquem no link "JSRs by Technology". Observem que uma das categorias lista é a JAIN ( Jav...

Devo fazer um curso ou ler um livro?

Acredito que todos os instrutores ou professores, independentemente da área, escola ou centro de treinamento, já devam ter recebido essa pergunta alguma vez na vida: devo fazer um curso ou ler um livro? Para responder a essa pergunta, precisamos avaliar os prós e contras de cada opção. Trabalho com treinamento há algum tempo e, hoje, recebi essa pergunta de um aluno. Não adianta responder a ou b sem argumentar, demonstrando as opções conforme a situação do aluno. O conteúdo, a forma de transmissão e a capacidade de assimilação do indivíduo são chaves para haver benefício maior de aprendizado. Tanto em um bom curso quanto em um bom livro, o conteúdo é a premissa básica . Por conteúdo entendemos: se está organizado; se respeita pré-requisitos; se promove o aprendizado guiado e incremental; se aborda de forma satisfatória os principais pontos; se tem bom balanço entre teoria, exemplos e prática (favorecendo exemplos e prática); se tem como premissa a acessibilidade possível (e cabível) pa...