Pular para o conteúdo principal

EJB 3: Uma evolução sob os conceitos do Hibernate e Spring

Definitivamente o modelo de componentização definido no Java EE 5 e 6 evoluiu e melhorou muito. Mas, sem dúvida muita dessa evolução se deve às pressões do Hibernate e Spring Framework. Estes dois últimos frameworks nasceram baseados no conceito de POJO, que nada mais é do que a concepção de um modelo de componentização baseado em classes Java sem as regras impostas pelo EJB (curioso, sem o EJB não existiria o Hibernate ou o Spring).

A morte dos Entity Beans

O Hibernate nasceu da idéia de promover um modelo de persistência mais simples que o proposto pelos EJBs do tipo Entity Beans definido na especificação EJB 2.x. Este foi o primeiro tipo de EJB a sofrer com a evasão de desenvolvedores com o surgimento deste framework e a conscientização sobre os problemas nos Entity Beans. A partir de um modelo baseado em JavaBeans e o uso do JDBC, o Hibernate usa a Reflection API para gerar os SQLs necessários para persistir o estado de beans em diversos banco de dados relacionais, além de definir o conceito de dialeto para resolver as diferenças de sintaxe do SQL usado entre as diferentes implementações de banco de dados. Ao resolver efetivamente a persistência dos objetos em banco de dados relacional, a morte dos entity beans estava decretada. Não foi atoa que no Java EE 5, numa tentativa de resgatar um padrão efetivo entre os desenvolvedores, surgiu o JPA usando os mesmos conceitos do Hibernate e promovendo uma API padrão com base em vários dos seus conceitos. A morte oficial dos entity beans no EJB!

Teria o mesmo fim os session beans?

Já o Spring Framework nasceu para combater os problemas resultantes das idéias usadas nas definições de outro tipo fundamental de componente do modelo proposto pelos EJBs: os Session Beans. Usando a mesma proposta do Hibernate, o Spring Framework adotou o JavaBean como modelo de componentização aliado aos serviços enterprise com o auxílio da programação orientada a aspectos (AOP). Assim, o Spring Framework decretou a morte dos EJBs do tipo Session Beans.

O EJB renasce das cinzas impulsionado pelos Pojos

O Java EE 5, apesar de manter compatibilidade com as versões anteriores, aplica os mesmos conceitos usados pelo Hibernate e Spring Framework (JavaBeans e injeção de dependências, por exemplo), numa tentativa de evitar o êxodo de desenvolvedores da padronização. Dando o braço a torcer, o EJB 3 aplica um modelo baseado em POJOs (que ironia!) até eliminar a obrigatoriedade das interfaces home, remota e local (favorecendo uma modelagem OO efetiva, uso de herança, polimorfismo, design patterns e interfaces de negócios). Contudo, o Java EE 5 trouxe uma novidade que impôs uma evolução nos frameworks que foram os seus carrascos: O uso de anotações para eliminar configurações em XML. Poderíamos dizer que o EJB 3 não é uma mera cópia dos conceitos usados no Hibernate e Spring, mas também traz uma inovação ao fazer copy/paste/modify. Curioso foi ver que o Hibernate e o Spring foram obrigados a evoluir.

Contudo, podemos notar que o EJB 3.0 deixou de fora muitas das melhorias já presentes no Hibernate/Spring. No JPA 1.0 podemos notar a falta do mecanismo de "Criteria" e no EJB a falta de uma modularização mais flexível além dos tradicionais JAR, WAR e EAR. Tanto que agora no EJB 3.1 e JPA 2.0, várias melhorias tentam eliminar as deficiências reclamadas pela comunidade que já não existiam em versões antigas do Hibernate e Spring Framework.

Com as melhorias do Java EE 6, porque usar o Spring?

Muitos se questionam hoje se deveriam usar o Hibernate e o Spring considerando as evoluções do EJB 3 e JPA estabelecidas pelo Java EE 5 e 6. Acredito que pela simplicidade e padronização proporcionados no Java EE deveríamos usar o EJB e JPA. Mas, considerando as limitações deveríamos levar em consideração o uso do Hibernate e do Spring Framework. Apesar de não serem frameworks padrões, e por isso mesmo, não estão limitados às imposições políticas de vários interesses, estes frameworks têm a liberdade de evoluir e experimentar idéias inviáveis até o momento no Java EE, além de propiciar a integração com outros frameworks que também não são padrões e são legados ainda em uso pela comunidade (por exemplo: Struts, iText, Quartz, etc). Muitos conhecem as vantagens de usar o Hibernate diretamente em detrimento das limitações do JPA. No Spring temos a modularização através de OSGi e o uso pleno do AOP como parte da modelagem dos componentes de negócios das aplicações enterprise.

Apesar das melhorias amplamente comentadas no Java EE 6 através do EJB 3.1 e JPA 2.0, ainda é evidente muitas das vantagens do uso direto do Hibernate e do Spring Framework.

Qual será o próximo passo evolutivo destes frameworks e plataformas? A convergência?

Enjoy it!
By Spock
Twitter: @drspockbr
http://blog.spock.com.br/
http://linkedin.spock.com.br/
http://www.springbrasil.com.br/
Outros posts: http://blog.globalcode.com.br/search/label/Spock

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 reasons why we love JSF

1. One-slide technology: it's so simple that I can explain basic JSF with one slide. 2. Easy to extend: components, listeners, render kit, Events, Controller, etc. 3. Real-world adoption: JBoss, Exadel, Oracle, IBM, ... 4. Architecture model: you can choose between more than 100 different architecture. 5. Open-mind community: using JSF you are going to meet very interesting people. 6. We are using JSF the last 5 years and we found very good market for JSF in Brazil 7. Progress: look to JSf 1.1 to JSF 1.2, JSF 1.2 to JSF 2.0. People are working really hard! 8. Many professionals now available 9. It's a standard. It's JCP. Before complain, report and help! 10. Ed Burns, spec leader, is an old Globalcode community friend! EXTRA: My wife is specialist in JSF. She's my F1 for JSF :) Nice job JSF community! -Vinicius Senger

Sistema interativo de TV Digital com Ginga-J

No início de 2009, os estudantes de Sistema de Informação do Centro Universitário de Votuporanga ( UNIFEV ), Caio César Pereira de Souza e Rodrigo Gonçalves Constantino me apresentaram uma proposta para que eu fosse co-orientador junto ao professor orientador Djalma Domingos da Silva , em seu Trabalho de conclusão de curso (TCC) com tema TV Digital. A base que motivou o assunto, foi a palestra apresentada por Maurício Leal na I Conferência Java Noroeste sobre o tema TV Digital, realizada em 2006 em Votuporanga-SP. Ficamos muito entusiasmados com a possibilidade de interatividade na TV Digital, e a grande quantidade de possibilidades de desenvolvimento de aplicativos nesta área. Acompanhamos de perto as notícias na imprensa e todo o esforço e iniciativas realizadas pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) , que organizou e produziu especificações ABNT, normatizando o sistema de TV Digital Terrestre. O foco do TCC foi realizar o desenvolvimento de uma pequena ...

O que é Lógica de programação?

Este é o segundo de uma série de posts voltados aos leitores do blog que estão dando início à carreira de desenvolvimento de software. O assunto de hoje é a lógica de programação. Para ler antes: Entendendo como funciona a programação de computadores: linguagens de programação, lógica, banco de dados A lógica de programação é um pré-requisito para quem quer se tornar um desenvolvedor de software, independente da linguagem de programação que se pretende utilizar. Mas o que é de fato a Lógica de Programação e como saber se eu tenho esse pré-requisito? A lógica de programação nada mais é do que a organização coerente das instruções do programa para que seu objetivo seja alcançado. Para criar essa organização, instruções simples do programa, como mudar o valor de uma variável ou desenhar uma imagem na tela do computador, são interconectadas a estruturas lógicas que guiam o fluxo da execução do programa. Isso é muito próximo ao que usamos em nosso cotidiano para realizar atividad...

Google TV: Unboxing e Hello World

Recentemente recebemos um "presente" do Google Brasil, um dispositivo Google TV, modelo Sony NSZ-GT1, e coube a mim a honra de receber esse gadget e fazer o unboxing e um hello world para começar a explorar mais essa aposta do Google ! Conhecendo o Google TV Em maio de 2010, durante o Google I/O, a empresa anunciou a criação em conjunto com a Intel, Sony e Logitech a criação de uma plataforma de "Smart TV". Coube ao Google integrar a TV com o Android e também uma versão baseada em Linux do navegador Chrome. Porém, devido a uma série de fatores, como por exemplo a escassez de conteúdo e a ausência de aplicativos, o Google TV teve seu início competitivo um pouco abalado, inclusive alguns analistas na época diziam que o dispositivo era muito "beta". Pois bem, o Google percebeu que a plataforma não ia muito bem, mas não deixou de apostar na idéia, e durante o Google I/O desse ano eles apresentaram o Google TV 2.0 ! O dispositivo agora recebia um update d...

JSF 2 - Composite Components, você não precisa mais ser um ninja

Estamos em uma nova era da computação, os dados não estão mais localizados em um banco dentro de sua empresa, vivemos a explosão de redes sociais, informações são geradas a todo instante, e se torna essencial que sua aplicação conheça os serviços disponíveis na web e consumam suas APIs geralmente disponíveis por serviços REST. Legal, mas como ficam meus aplicativos Java EE neste novo cenário? Para quem vem acompanhando a evolução da plataforma, é notório que todo esforço vem sendo utilizado para aumentar a produtividade e a integração com novos serviços. Basicamente duas especificações surgem com muita força para atender este cenário, a JSR - 314 (JSF-2) e JSR - 311 (JAX-RS), neste post exploraremos a JSR-314 (JSF2) e sua nova forma de criar Composite Components. Uma das grandes queixas dos desenvolvedores JSF era a complexidade em criar composite components, era necessário um vasto conhecimento sobre o ciclo de vida de uma aplicação JSF. Agora, você não precisa ser mais um “ninja” em ...

JavaMail: Enviando e-mail com Java

Introdução Além da necessidade de envio de e-mail ser comum a várias aplicações, foi a pergunta de um aluno da Academia Java ,  “Como enviar um e-mail com Java?”, que me motivou a escrever este post sobre JavaMail. JavaMail Para realizar o envio de e-mail por meio de uma aplicação Java, precisamos da biblioteca JavaMail, pois ela não é incluída no Java SE. A biblioteca está disponível em http://www.oracle.com/technetwork/java/index-138643.html . Neste download, além da biblioteca mail.jar que inclui a implementação completa da API e providers, também é disponibilizada a documentação da biblioteca ( javadoc ) na pasta docs , alguns exemplos na pasta demo e partes da implementação em lib . A forma mais simples de utilizar a JavaMail e incluir o mail.jar , porém para uma aplicação que só envia e-mail como o nosso exemplo, necessitamos apenas dos arquivos mailapi.jar e smtp.jar , economizando 177KB. Como a economia é pouca e as aplicações evoluem, vamos adicionar o mail.j...